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Truques psicológicos da Black Friday e como não cair neles

Cérebro dentro de um carrinho de compras dourado sobre fundo preto, simbolizando como a Black Friday usa gatilhos psicológicos para influenciar decisões de compra.

Truques psicológicos da Black Friday e como não cair neles

Cérebro dentro de um carrinho de compras dourado sobre fundo preto, simbolizando como a Black Friday usa gatilhos psicológicos para influenciar decisões de compra.
  • Evandro
  • 04/11/2025

Sumário

Sexta-feira, seis da manhã. Você acorda com dezessete notificações no celular. “ÚLTIMA CHANCE!”, “SÓ HOJE!”, “DESCONTO IMPERDÍVEL!”. 

Seu coração acelera. Será que você está perdendo a oportunidade da sua vida? Será que aquele produto que você nem sabia que queria está realmente com 70% de desconto? 

Ou… Será que você está sendo vítima da mais sofisticada operação de manipulação psicológica em massa já inventada pela humanidade?

Bem-vindo à Black Friday, o momento em que todos os gatilhos mentais possíveis são acionados ao mesmo tempo: urgência, escassez, pertencimento, status, medo de ficar de fora. Tudo isso embalado em banners coloridos e alertas vibrando no seu bolso.

Mas primeiro, respira fundo: este texto não é contra a Black Friday. 

Ninguém aqui quer te afastar de uma boa promoção. Só quero te mostrar como os mecanismos da persuasão entram em cena nesse período (e como, entendendo o jogo, você pode jogar melhor).

Agora, se você acha que está imune só porque gosta de se informar e “não cai fácil em cilada”, sinto dizer: você é exatamente o tipo de pessoa que esses gatilhos adoram mirar. 

A menos que você conheça bem essas estratégias e treine seu cérebro para reagir de forma diferente, você é um alvo em potencial.

Tenha isso claro:

A Black Friday não existe apenas para aquecer o varejo

Ela vai muito além de uma simples data comercial.

As promoções são experimentos de comportamento em escala global. Testes contínuos de atenção, desejo e impulso.

Por trás de cada “70% OFF” piscando na sua tela, há anos de pesquisa aplicada em neurociência, psicologia da decisão e economia comportamental. Nada ali é acidental.

É como se alguém tivesse destrinchado a sua mente, e agora usasse esse manual para conduzir suas ações e comportamentos.

Você acha que está aproveitando uma oportunidade, mas está apenas respondendo exatamente como eles previram.

São mais de 50 anos de ciência comportamental refinada contra você e suas boas intenções de ‘só comprar o necessário’.

E o resultado está aí, previsível como sempre:

  • De um lado,76% dos brasileiros afirmaram que não pretendem comprar na Black Friday de 2025 (segundo pesquisa da fintech Meutudo com 8.264 participantes);

  • De outro, um levantamento da Offerwise encomendado pelo Google mostra que 60% planejam aproveitar a temporada de compras e 48% já tinham lista pronta em julho. 

Alguém aqui está mentindo (ou para o pesquisador, ou para si mesmo).

A verdade?

Somos ótimos em contar histórias para nós mesmos. Dizemos uma coisa e fazemos exatamente o oposto.

E aqui um detalhe que escancara essa contradição: entre os que pretendem comprar, metade quer gastar mais este ano do que em 2024. É como se fosse uma epidemia de consumo, espalhando-se mais rápido que fake news no grupo da família.

E aí surge uma questão que ninguém quer enxergar: você não está comprando produtos. Você está comprando emoções. E as empresas sabem disso. 

Daniel Kahneman, figurinha carimbada nos meus conteúdos, é aquele psicólogo israelense que levou um Nobel de Economia depois de passar décadas estudando um tema simples: por que a gente decide do jeito que decide.

A resposta?

Temos dois sistemas de pensamento ao mesmo tempo

Sistema 1: é rápido, automático, emocional. Age antes de pensar. 

Sistema 2: é mais lento, racional, calculista. Pensa demais, age de menos.

Agora, adivinha qual dos dois está no comando quando você vê aquela promoção “só hoje” piscando na sua tela? 

Se você respondeu Sistema 1, muito bem, você entendeu por que a Black Friday é um sucesso estrondoso (e como o dinheiro desaparece sem que você perceba).

O Sistema 1 não faz planilhas. Não calcula juros. Não pondera prós e contras. 

Ele vê “DESCONTO 70%” e entra em pânico 

Vê “ÚLTIMAS UNIDADES” e sente medo 

Vê “SÓ HOJE” e age por impulso

É como se fosse um alarme de incêndio tocando no seu cérebro, gritando “COMPRE AGORA OU MORRA!”.

E as empresas sabem disso. Elas não estão vendendo produtos. Estão vendendo:

  • Urgência
  • Escassez
  • Status
  • Pertencimento
  • Autoestima 

Estão vendendo a ilusão de que você está fazendo um negócio inteligente quando, na verdade, está sendo manipulado por técnicas que foram testadas e refinadas em milhões de consumidores antes de você.

Entre os diversos vieses explorados nesse tipo de campanha, um dos mais comuns é o que vem a seguir.

Como o enquadramento muda o que você vê

Você está no supermercado e vê dois potes de iogurte idênticos. Um diz “80% livre de gordura”. O outro, “contém 20% de gordura”. 

Se você sentiu mais atração pelo primeiro, parabéns: você foi vítima do efeito de enquadramento (framing effect). A forma como uma informação é “emoldurada” importa mais do que a informação em si.

Para mostrar o poder dessa “moldura”, Kahneman criou um teste que é quase uma aula de roteiro para filmes de desastre. E agora, eu quero colocar você dentro desse roteiro. 

Imagine que os Estados Unidos estão enfrentando uma doença incomum que vai matar 600 pessoas, e você é especialista em epidemiologia. Dois programas foram propostos para combater a epidemia.

Para um grupo, as opções eram:

Programa A: 200 pessoas serão salvas.

Programa B: Há 1/3 de probabilidade de que 600 pessoas sejam salvas e 2/3 de probabilidade de que nenhuma pessoa seja salva.

Resultado: 72% escolheram o Programa A.

Outro grupo recebeu a situação descrita de forma diferente:

Programa C: 400 pessoas morrerão.

Programa D: Há 1/3 de probabilidade de que ninguém morra e 2/3 de probabilidade de que 600 pessoas morram.

Resultado: 78% escolheram o Programa D.

Note que os Programas A e C descrevem exatamente o mesmo resultado: de 600 pessoas, 200 sobrevivem e 400 morrem. 

Os Programas B e D também são idênticos em suas probabilidades. A única diferença está nas palavras: “vidas salvas” no primeiro caso, “mortes” no segundo. 

Essa troca de enquadramento inverteu completamente a preferência dos participantes. Quando a escolha foi apresentada em termos de ganhos, a maioria preferiu a certeza. Quando foi apresentada em termos de perdas, a maioria preferiu o risco.

O que acontece aqui? Uma reviravolta dramática. A maioria esmagadora agora pula de cabeça no Plano D, o plano arriscado. Por quê? Porque a ideia de perder 400 vidas com certeza é insuportável. 

Para evitar uma perda certa, estamos dispostos a arriscar tudo.

E é exatamente nesse ponto fraco que o marketing da Black Friday monta o seu circo.

Quando você vê aquele anúncio luminoso “De R$ 3.999 por R$ 2.499”, seu cérebro não está fazendo uma análise de custo-benefício. Ele está sendo bombardeado pela emoção de um ganho de R$ 1.500. 

É um truque sujo, mas funciona todas as vezes. E o enquadramento raramente anda sozinho. Ele costuma vir acompanhado de um primo igualmente perigoso: o medo.

Conheça o FOMO: o medo que move bilhões

Fear 

Of 

Missing 

Out. 

Quatro palavras que, em bom português, significam “medo de ficar de fora”. E elas explicam por que você compra coisas que não precisa, com dinheiro que não tem, para impressionar pessoas que não se importam.

O Fomo não é apenas um chilique da era das redes sociais. É uma resposta evolutiva que nos manteve vivos por milhões de anos e que agora é habilmente explorada pelo capitalismo.

Nossos ancestrais que tinham medo de perder a chance de encontrar comida ou abrigo sobreviveram. Os que relaxavam e diziam “depois eu vejo” viraram almoço de tigre dente-de-sabre. 

O resultado?

Todos carregamos no DNA um alarme que dispara diante da escassez

O problema é que essa programação antiga não distingue entre uma carcaça de mamute e uma “promoção relâmpago” de fone de ouvido. O cérebro entra em pânico da mesma forma.

O artigo “An exploratory investigation of Black Friday consumption rituals” (Thomas & Peters, 2011) evidenciou que os rituais de consumo da Black Friday são significativos para os consumidores em virtude de sua natureza coletiva, aventureira e competitiva. 

A pressão do tempo limitado e a competição por produtos em estoque desencadeiam uma corrida frenética para garantir ofertas antes que esgotem.

Foto real de pessoas disputando produtos na black friday

Mas aqui está o detalhe cruel: a percepção de escassez é quase sempre artificial. 

Aquelas “últimas unidades” piscando na tela? Na maioria das vezes, são contadores falsos, programados para criar urgência, não reflexos reais do estoque. 

Aquele “só hoje” que aparece todo dia? É um algoritmo que detectou que você está mais propenso a comprar quando sente que o tempo está acabando.

O neurocientista Christian Elger explica que, quando o sistema de recompensa do cérebro é ativado, ele tende a ignorar tudo: necessidade, consequência, lógica. 

É literalmente um sequestro neurológico. Seu córtex pré-frontal, responsável pelo planejamento e controle de impulsos, é temporariamente desativado. É como se você ficasse bêbado de dopamina. 

Percebe a semelhança com os sistemas de Kahneman? 

Tem como piorar? Tem. As redes sociais potencializam esse efeito. 

Você vê seus amigos postando as “ofertas imperdíveis” que aproveitaram da Black Friday, criando uma pressão social para que você também participe. 

Não é apenas medo de perder uma promoção. É medo de ficar de fora de um ritual social, de não pertencer ao grupo dos “espertos” que sabem aproveitar oportunidades.

A Black Friday e a armadilha do efeito isca

Agora, vamos a um dos truques mais elegantes e contraintuitivos do arsenal da persuasão. Imagine que você está comprando um celular novo na Black Friday e encontra duas opções:

Celular A: Bom, custa R$ 1.800.

Celular B: Ótimo, com mais memória e câmera melhor, custa R$ 2.500.

A escolha é difícil. A diferença de R$ 700 te faz pensar. Seu cérebro racional está trabalhando.

Mas então, a loja introduz uma terceira opção:

Celular C (a isca): Um pouco melhor que o A, mas claramente pior que o B, por R$ 2.400.

Ninguém em sã consciência compraria o Celular C. Por apenas R$ 100 a mais, você leva o B, que é muito superior. 

E é exatamente para isso que a isca serve. Ela não foi feita para ser escolhida. Ela foi feita para fazer o Celular B parecer uma pechincha irresistível.

Esse é o efeito isca (decoy effect), popularizado pelo cientista comportamental Dan Ariely. 

Funciona assim: ao inserir uma terceira opção claramente desvantajosa, os vendedores manipulam seu ponto de referência e tornam a opção mais cara a escolha aparentemente mais lógica e racional.

No cinema, a pipoca média custa quase o mesmo que a grande. A maioria leva a maior, acreditando que fez um ótimo negócio.

Em lojas de eletrônicos, o modelo intermediário custa quase o mesmo que o top de linha. 

E o mais curioso é que, no fim, você não sente pressão alguma. Sente que fez um bom negócio. Sente que escolheu certo.

Agora, se você acha que já entendeu todos os truques, prepare-se. O arsenal da persuasão é vasto e refinado.

Outras armadilhas na Black Friday (que você nem sabia que existiam)

Até aqui, falamos de estratégias que moldam sua percepção. Agora entramos em um terreno ainda mais instintivo, onde as decisões não passam pelo pensamento lógico, mas por reações automáticas.

Aqui estão mais algumas armadilhas que atuam nos bastidores da sua decisão de compra.

1. O poder mágico do “grátis” (efeito do preço zero)

“De graça, até injeção na testa”, já ouviu esse ditado? 

Pois é, “frete grátis” são duas palavras capazes de driblar o pensamento racional com mais eficácia do que qualquer porcentagem de desconto.

Dan Ariely, em seus estudos, mostrou que o simples fato de algo custar zero ativa um tipo de desejo desproporcional. Quando o preço desaparece, o senso de custo-benefício desaparece junto.

É por isso que você adiciona mais itens ao carrinho só para “ganhar” o frete. Seu cérebro não está comparando valores. Está reagindo ao prazer de levar algo sem pagar.

2. A confusão dos pacotes (bundle pricing)

Você entra no site para comprar um fone Bluetooth. O modelo que você quer custa R$ 199.

Mas aparece uma oferta: kit com o mesmo fone, uma case rígida e um carregador portátil por R$ 239.

Parece um ótimo negócio. Por R$ 40 a mais, você “leva tudo”.

Só que tem um detalhe: talvez você nunca comprasse a case. Talvez já tenha um carregador. Mas agora está pagando por itens que nem procurava, só porque o pacote pareceu vantajoso.

Esse é o truque da “confusão dos pacotes”. Ele faz você levar mais do que queria, gastar mais do que precisava, e ainda sair achando que economizou.

Isso porque nosso cérebro tem dificuldade em calcular o valor quando múltiplos itens estão envolvidos, então ele usa atalhos mentais. 

O “kit completo” parece mais vantajoso, mesmo que não seja.

3. A âncora invisível na Black Friday (ancoragem de preço)

O primeiro preço que você vê estabelece uma referência psicológica para todos os preços subsequentes. Por isso que as lojas mostram primeiro os produtos mais caros. 

Não esperam que você compre o tênis de R$ 2.000. Esperam que ele faça o tênis de R$ 800 parecer razoável. 

Na Black Friday, aquele preço “original” riscado é a âncora. Mesmo que nunca tenha sido praticado, seu cérebro o usa como referência para avaliar se está fazendo um bom negócio.

Como hackear os hackers: estratégias para não ser manipulado

Agora que você sabe que está sendo alvo de técnicas mais sofisticadas que as usadas pela CIA, a pergunta é: o que fazer com essa informação? 

Porque conhecer os truques não te torna automaticamente imune a eles. É como saber que açúcar faz mal, mas isso não te impede de querer doce quando está estressado.

A primeira estratégia é aceitar uma verdade inconveniente: você não é tão racional quanto pensa. 

Seu cérebro foi moldado por milhões de anos de evolução para tomar decisões rápidas em ambientes de escassez. Ele não foi projetado para lidar com abundância artificial e marketing digital. Aceitar essa limitação é o primeiro passo para superá-la.

Estratégias para se proteger na Black Friday

1. Regra dos 30 Minutos (Contra o Fomo): Antes de qualquer compra online, saia da loja virtual e faça outra coisa por meia hora. Isso dá tempo para a dopamina baixar e seu córtex pré-frontal assumir o controle. Você provavelmente não vai desejar metade do que tinha no carrinho depois disso.

2. Desconstrua a Âncora (Contra a Ancoragem): Antes da Black Friday, pesquise os valores. Sites como Zoom e Buscapé mostram o histórico de preços. Quando você souber que aquele “super desconto” não é tudo aquilo, a magia da manipulação se desfaz.

3. Ignore a Isca (Contra o Efeito Isca): Quando vir três opções, sendo uma delas claramente desvantajosa, reconheça a armadilha. Ignore a isca e compare apenas as duas opções que realmente importam. Não deixe que uma terceira opção te manipule a gastar mais.

4. Custo por Uso (Contra o Enquadramento de Preço): Sempre que ver uma promoção, reformule mentalmente no enquadramento oposto. Se aparecer “De R$ 3.000 por R$ 2.000”, force-se a pensar: “Vou gastar R$ 2.000”. Essa inversão desativa o gatilho emocional e ativa seu cérebro racional.

5. Redefina o “Bom Negócio”: Um bom negócio não é pagar menos por algo que você não precisava. Um bom negócio é não gastar dinheiro que você não tem em coisas que não precisa. Como diria o Julius: “Se eu não comprar nada, o desconto é maior”.

Lembre-se: empresas investem bilhões para entender como fazer você gastar. Você pode investir alguns minutos para entender seu próprio comportamento e aprender a não ser manipulado.

E conhecimento, como dizem, é poder. O poder de manter seu dinheiro onde ele pertence: com você.
Agora que você entendeu os truques psicológicos da Black Friday, o que acha de aprender a proteger sua família das apostas online? Acesse aqui!

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Evandro Canello
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