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Alta do ouro: o que os BCs sabem que ainda não sabemos?

Três barras de ouro empilhadas em forma de pirâmide sobre fundo escuro, simbolizando reserva de valor e a alta do ouro.

Alta do ouro: o que os BCs sabem que ainda não sabemos?

Três barras de ouro empilhadas em forma de pirâmide sobre fundo escuro, simbolizando reserva de valor e a alta do ouro.
  • Evandro
  • 17/10/2025

Sumário

Enquanto você lê estas linhas, o mundo financeiro vive uma alta do ouro histórica; um momento que pode parecer trivial agora, mas que os historiadores no futuro vão destacar nos livros e dizer: “foi ali que tudo começou”. 

O ouro, o metal que já foi padrão, reserva, símbolo de poder, colar da sua avó e fundo de tela de investidor ansioso, voltou ao centro do palco.

E, desta vez, não é nostalgia. É desconfiança.

Em outubro de 2025, o ouro ultrapassou os 4.000 dólares por onça pela primeira vez na história, um marco que poucos acreditavam acontecer tão cedo. Hoje, quase final de outubro de 2025, ele já ultrapassa os 4.350 dólares (e subindo).

O metal valorizou 167% nos últimos cinco anos e mais de 50% apenas em 2025, acumulando 45 recordes no ano. É a maior escalada desde o fim do padrão-ouro nos anos 1970.

Gráfico mostrando a alta do ouro de 167% nos últimos 5 anos

Enquanto ações tropeçam, moedas se esticam e criptos fingem maturidade, o ouro segue seu caminho imperturbável. 

Quem vê de fora pode achar que essa alta do ouro drástica é um capricho do mercado. Mas quem entende os bastidores sabe: há algo muito maior em curso.

O que eles sabem que você não sabe?

As mesmas instituições que por décadas trataram o ouro como uma relíquia monetária secundária, agora estão empilhando lingotes como quem se prepara para o fim de uma era.

Desde 2022, os bancos centrais têm comprado mais de mil toneladas de ouro por ano. Este é um volume inédito desde a ruptura do sistema de Bretton Woods, iniciada em 1971 com o fim da conversão do dólar em ouro.

Só pra você ter uma ideia, a média anterior, entre 2010 e 2020, não passava de 480 toneladas anuais.

E os maiores compradores não são Europa e EUA. Na verdade, é um grupo heterogêneo, mas com o mesmo instinto:

  • A Polônia lidera a compra em 2025; 
  • China e Índia seguem ampliando reservas; 
  • Turquia voltou às compras após um 2023 turbulento. 
  • Entre 2023 e 2024, Cingapura, Cazaquistão e Uzbequistão também se juntaram à corrida.

Ou seja, a alta do ouro não é coincidência. Todos esses países, em maior ou menor grau, querem reduzir a dependência do dólar e reforçar sua autonomia monetária.

Esse movimento se conecta, de forma quase inevitável, ao projeto político que cresce dentro do Brics: um sistema financeiro mais equilibrado, menos dependente de Washington e ancorado em ativos reais.

Mas o que é esse tal de Brics? Nada menos que um acrônimo formado pelas iniciais dos países que iniciaram o grupo: Brasil, Rússia, Índia, China e South Africa (África do Sul).

E o que a alta do ouro em massa tem a ver com esse grupo? Tem tudo a ver. Este é o braço prático da ideia que o Brics vem articulando há anos: a desdolarização do sistema monetário mundial.

Pela primeira vez desde 1996

Os bancos centrais agora detêm mais ouro do que títulos do Tesouro dos EUA. Em outras palavras, o metal representa 24% das reservas internacionais, contra 23% dos Treasuries. Isso não acontecia desde 1996.

É um marco simbólico e profundamente político.

Ou seja, durante oito décadas, o dólar foi o porto seguro do planeta. Hoje, até os guardiões do sistema estão dizendo, com ações e não com discursos, que a confiança está por um fio.

E essa alta do ouro deixa claro que ele voltou ao seu papel histórico: ser a apólice de seguro do sistema financeiro global.

Agora, vamos olhar para o mesmo buraco que o Brics está olhando…

A matemática que não fecha

Em primeiro lugar, a dívida pública dos Estados Unidos ultrapassou os 35 trilhões de dólares. Só de juros, o governo gasta 1,75 trilhão por ano. Isso é mais do que o orçamento de defesa, saúde ou educação.

Em 1980, a dívida equivalia a 30% do PIB americano. Em 2025, já passa de 130%.

Tabela com a evolução da dívida dos EUA, mostrando porque o dólar está em queda e o motivo da alta do ouro

É um círculo vicioso. O governo emite dívida para pagar juros, e para pagar essa nova dívida, emite mais. É como tentar tapar um buraco cavando outro ao lado.

E aqui está o fio que amarra todo o raciocínio: os bancos centrais sabem que essa conta não fecha. E, por isso, estão substituindo títulos do governo americano (dívidas) por ouro físico, que tem valor real, ao contrário dos papéis baseados apenas em promessas de pagamento futuro.

A alta do ouro e o sistema paralelo do Brics

Enquanto o Ocidente tenta sustentar a velha estrutura, um novo sistema emerge no bloco dos Brics, agora ampliado com:

– Irã

– Egito

– Etiópia 

– Emirados Árabes

Eles estão construindo uma arquitetura financeira alternativa: comércio em moedas locais, um sistema próprio de pagamentos (o Brics Pay) e até a proposta de uma moeda digital lastreada em ouro.

Juntos, representam 45% da população mundial, 35% do PIB global (em paridade de poder de compra) e o controle da maioria das commodities estratégicas do planeta.

Mais do que um grupo econômico, o Brics está se tornando uma espécie de contra-arquitetura do sistema monetário tradicional. E, de novo, a alta do ouro está no centro dessa mudança.

Agora, veja que curioso: a história monetária global se move em ciclos de 40 a 50 anos. É um padrão histórico que se repete:

1933: Roosevelt confisca o ouro dos americanos e desvaloriza o dólar.
1944: Bretton Woods transforma o dólar em moeda de reserva mundial.
1971: Nixon rompe o padrão-ouro e inaugura a era do papel fiduciário.
2025: um novo ponto de virada.

Ou seja, 54 anos depois de Nixon, o mundo parece novamente à beira de redefinir as regras do jogo. A diferença é que, desta vez, todos estão assistindo ao vivo.

Três caminhos possíveis após essa alta do ouro

Se a maré continuar nessa direção, analistas apontam três cenários no horizonte.

  1. No primeiro, a transição é diplomática: Estados Unidos e China negociam um sistema multipolar coordenado. O ouro se estabiliza entre 4.500 e 5.000 dólares por onça.
  2. No segundo, o mais provável, o mundo se fragmenta em blocos econômicos regionais. O comércio fica mais caro, mas continua girando. O ouro sobe para algo entre 6.000 e 8.000 dólares.
  3. No terceiro, o mais extremo, ocorre uma crise de confiança global. O sistema financeiro é reiniciado, e o ouro ultrapassa 10.000 dólares por onça.

Inclusive, aida em 2024, JP Morgan já projetava que o ouro poderia alcançar US$ 4.000 até meados de 2026. Uma previsão que o mercado tratou como ousada na época.

Um ano depois, o metal não apenas atingiu essa marca, como a ultrapassou, consolidando o maior ciclo de alto do ouro da história.

Como se proteger quando o sistema muda

A alta do ouro não é um acaso de mercado, mas uma resposta a um ambiente econômico cada vez mais instável. 

Quando juros, dívidas e tensões políticas aumentam ao mesmo tempo, investidores e bancos centrais buscam proteção em ativos que não dependem de promessas ou governos.

É isso que está acontecendo agora. O ouro voltou a ganhar espaço não porque ficou na moda, mas porque voltou a cumprir sua função básica: preservar valor em períodos de incerteza.

Analistas de bancos como JP Morgan e Credit Suisse apontam que o movimento deve continuar enquanto as economias desenvolvidas enfrentarem déficits altos e moedas pressionadas. 

Por isso, muitos gestores estão revendo o espaço do ouro dentro das carteiras, não como aposta, mas como forma de equilíbrio.

E talvez esse seja o ponto mais importante: 2026 não será um ano para buscar ganhos extraordinários, e sim para preservar o que já foi construído. 

A regra é: em tempos de transição, sobreviver bem costuma valer mais do que crescer rápido.

Na prática, analistas apontam que manter entre 5% e 10% do patrimônio em ouro já oferece uma boa camada de proteção. Em períodos de maior instabilidade, alguns ampliam essa fatia para 15% ou 20%, conforme o perfil e a tolerância a risco

Há várias maneiras de fazer isso: investir em fundos e ETFs que seguem o preço do ouro, comprar pequenas barras ou moedas físicas, ou ainda usar ações de mineradoras como forma indireta de exposição. 

O formato importa menos do que o propósito, que é muito simples: manter parte do patrimônio protegido de fatores que estão fora do controle individual.

Tenha em mente que o ouro é uma decisão de quem prefere se antecipar aos riscos em vez de reagir a eles.

O que a alta do ouro está dizendo

Já deu pra entender que toda vez que o ouro dispara, é porque algo no sistema deixou de funcionar como antes.

Nos últimos 5.000 anos, o metal sempre valorizou antes das grandes rupturas: guerras, crises inflacionárias, reestruturações de dívida, mudanças de sistema.

Ele é o sismógrafo da confiança. E, neste momento, a linha está tremendo.

Os bancos centrais ouviram. A Polônia ouviu. A China ouviu. A Rússia ouviu.

A pergunta é: você está ouvindo?

Você pode acreditar que é só mais um ciclo. Que os juros vão cair, o dólar vai se ajustar e tudo voltará ao normal.

Ou pode aceitar que talvez o “normal” já tenha mudado.

Não é o fim do mundo. Mas pode ser o fim de um mundo… e o início de outro.


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